sábado, 14 de julho de 2018

Onde está a crise? (Livro Atemporal)

É a crise! Eis uma das frases mais repetidas no momento, para justificar falta de dinheiro. A questão é: o problema é só falta de dinheiro? Onde está a crise afinal? O livro de Flávio Gordon mostra onde ela está...

Flávio Gordon
Quando se fala em corrupção, automaticamente associa na mente de boa parte das pessoas política e economia, como se fosse um mal encontrado apenas neste meio. Política soa como sinônimo de corrupção, onde vale tudo para chegar ao poder. Porém, poder significa dinheiro multiplicado por dois e, claro, safadeza é roubar, desviar, superfaturar... Em todas as causas do mal, está lá o famigerado dinheiro. Afinal, sem dinheiro não se vive. Inclusive, até a morte custa dinheiro!

Só quero boas notícias!




Boas notícias

O grande general francês Charles de Gaulle indicava três elementos que formam uma nação: a religião, a alta cultura e o idioma. 


"Sem a língua, ou o domínio de sua língua nativa, a comunicação se torna inviável. Nunca houve civilização leiga – sem basear suas normas numa religião. O ocidental, especificamente o brasileiro, que não acredita que a fé cristã seja verdadeira está independentemente disso vivendo em bases construídas pela civilização cristã. “Apenas uma cultura cristã”, disse Eliot “poderia ter produzido um Voltaire ou um Nietzsche.” (post "O que é cultura?" do blog Eric Carro)

Carlos Alves de Souza, embaixador brasileiro na França falou a famosa frase “O Brasil não é um país sério” em 1962, frase que foi atribuída ao general de Gaulle.

O que ocorre é que de lá para cá, com tudo que ocorreu desde então, o que o embaixador diria hoje? Para aqueles que não cantam na vida como num "hit" da Xuxa, Flávio Gordon responde a indagação, mostrando onde está o problema, que diga-se de passagem, não é falta de dinheiro (a Xuxa Meneguel emplacou um hit onde cantava “De hoje em diante, só quero boas notícias...” o que ela confirmou mais tarde alegando não entender tanta gente reclamando do governo, com tanta coisa boa acontecendo no Brasil).

Exame de consciência

Catolicismo

Apesar do conselho de Sun Tzu no milenar "Arte da Guerra" – conheça seu inimigo – entre nós brasileiros é comum desconhecer o inimigo, ou vê-lo de forma muito difusa. Não vale dizer que o problema é a "corrupção", como muitos dizem, na ânsia de resumir numa frase a causa de todos os males do país, visto ser "muito chato" dar explicações que exigem pensar muito, refletir... Porém, fato é que dizer que é a corrupção pura e simples não explica nada, como não resolve dizer que uma máquina está com problema, sem saber qual é, onde está e portanto sem poder consertar. Ademais é inútil apontar o que está em todo o lugar, inclusive dentro de nós. Alguns podem dizer "Eu, corrupto! Não! Eu sou honesto, pago minhas contas, sou trabalhador, não faço mal a ninguém... Corruptos são os políticos!". Muitos de nós já ouvimos e/ou proferimos tais afirmações.


Destaco aqui um trecho do livro que serve para pensar melhor a questão:

"A esquerda revolucionária sempre foi especialista na arte de simular virtude. O vigor espalhafatoso com que esquerdistas denunciam injustiças, a ostensiva indignação diante dos males do mundo e aquela "apaixonada intensidade" de seu discurso acusatório são parte essencial da persona revolucionária (ou, no vocabulário contemporâneo, "progressista") e causam profunda impressão no espírito dos homens de bem. Crédulos, como mostrou Voegelin, estes confiam que só mesmo sujeitos singularmente virtuosos poderiam escandalizar-se tanto com o mal. Resta que o escândalo com o mal, além de descrito na tradição judaico-cristã como pecado grave, é marca registrada das mentalidades utópicas."
Fazer exame de consciência não é prática salutar apenas aos católicos, pois é de utilidade ímpar a todos, independente de confissão de fé. Flávio faz isso em sua obra, reconhecendo o quanto sua mente foi corrompida outrora, ao mesmo tempo que o leitor identifica na sua história situações semelhantes.

Sobre os ombros de gigantes...

Giant sholders

Enfim, esta obra foi uma das grandes surpresas que tive, e entre os melhores livros que li, apesar de denunciar uma situação tão alarmante, tão grave. No entanto, é preciso antes de qualquer coisa tomar conhecimento do mal para enfrentá-lo, seguindo o conselho do velho mestre Sun Tzu, além de outros muitos sábios de outras partes do mundo e de outras épocas - a França com Charles de Gaulle... Como denuncia Flávio Gordon, o perigo está na mentalidade, base da corrupção da inteligência, que é o desprezo pelo conhecimento legado pelos antepassados, é a presunção de ser superior ao que já passou, querer inovar, revolucionar, "arejar" com uma cultura "POP" arrogante, "cheia de marra", que "se acha o tal, o cara", quando na verdade só sabe contar vantagem, expressar afetação de grandeza. 


A partir da aplicação da estratégia de revolução cultural elaborada por Antônio Gramsci, vemos neste livro a trajetória corruptora de mentes, silenciosa e sem pressa como reza a estratégia do comunista italiano, degradando todos os ambientes ocupados com seus "intelectuais orgânicos": escolas, universidades, redações de jornais, redes de televisão, emissoras de rádio, editoras, tudo espalhando veneno na forma de idéias, conceitos, preconceitos, trejeitos, enfim, todos os ingredientes necessários para corromper mentes, facilitando o acesso ao poder que, reitero, é dinheiro multiplicado por dois. 

No final, o objetivo parece ser simplesmente dinheiro, voltando a questão inicial: no final das contas, tudo gira em torno de dinheiro? A resposta que encontrei com a leitura foi que gira em torno de dinheiro sim, quando inteligência está corrompida. Se estou intelectualmente corrompido, o dinheiro movimenta a universo. Para muitos de fato, dinheiro é tudo, pois tudo está aqui. Tudo na vida é aqui. Não existe nada além.

Contudo, a esperança está no resgate da cultura, conforme descrito pelo literato e Prêmio Nobel T.S. Eliot, “A cultura pode mesmo ser descrita simplesmente como aquilo que torna a vida digna de ser vivida. E é o que justifica outros povos e outras gerações a dizer, quando contemplam os resquícios e a influência de uma civilização já extinta, que aquela civilização foi digna de sua existência.” A função da cultura é, portanto, dar significado às nossas vidas e nos motivar a escalar os ombros de gigantes. Conhecermos aqueles que nos antecederam.

Então, onde está a crise?



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Até a próxima!

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