sábado, 7 de julho de 2018

O medo do médico (Livro Atemporal)

Numa ocasião, no ponto de ônibus, ouvi uma senhora falar com sua amiga: "eu não vou fazer o exame que o médico me pediu! Tá louca! Vai que descobre alguma coisa e depois fala que eu não vou poder isso ou aquilo... Nada disso! Eu não abro mão da minha cervejinha!"

Olavo de Carvalho


Um arauto da desventura


OK. O que isso tem a ver com o livro? 

Bem, o que o livro relata faz lembrar justamente esta situação da senhora no ponto de ônibus: não querer saber da situação de sua saúde, pois o mais importante é curtir a "cervejinha". 

É um pequeno exemplo do que ocorre com boa parte dos brasileiros. 
Na obra A Nova Era e a Revolução Cultural, Olavo de Carvalho mostra a "doença" do nosso país, como "médico" especialista da situação cultural brasileira. Semelhante ao médico que examina seu paciente, descobrindo o que há de errado para fazer o prognóstico.


O problema porém é que não há na obra um prognóstico para o Brasil, segundo percebeu o autor no Posfácio do livro, tal como um arauto da desventura:

(...)Então chegamos a este ponto. Temos um governo fraco, que não vai conseguir fazer grandes mudanças estruturais na economia nem na sociedade brasileira, e que por essa razão insiste apenas na revolução sexual, e que aos poucos vai tentar construir uma força policial para implantar uma ditadura. Mas isso vai levar muito tempo. (...) Enquanto isso, o que a esquerda vai fazer é aprofundar a revolução sexual. E nada mais. A perspectiva do Brasil é a total desmoralização. (...) Dificilmente vamos ver uma situação de decadência social tão óbvia e tão clara. (...) Culturalmente ele já está dissolvido. Vemos essa dissolução até na língua nacional. Hoje as pessoas são incapazes de dominar o próprio idioma, e não estou falando da incapacidade do povão, mas dos escritores, jornalistas e intelectuais em geral. Quando se acaba o idioma, acabou a identidade nacional. (...) Concluindo, o que eu vejo, então, no Brasil, é um moribundo se agitando contra um fantasma. O moribundo é a esquerda, e o fantasma, que só existe na cabeça do moribundo, é a direita. O Brasil está se decompondo e a única coisa que a esquerda pode fazer é aprofundar essa decomposição.
"Ain! Você é muito radical!" - é o que muitos pensam ao ler um diagnóstico tão aterrador, franzindo a testa numa careta de reprovação. Afinal, gozamos de boa dose de liberdade, podendo viajar livremente, debater sobre os mais diversos assuntos, reunir a "galera" para um churrasco ao som de axé-pagode-sertanejo-sofrência-funk... Apesar do desemprego, corrupção e de vermos os preços aumentarem, o dinheiro para a "cervejinha" não falta, mais gente tem carro, faz viajem de avião... 


cerveja

É a dona no ponto de ônibus que não queria saber se tinha alguma doença que, possivelmente, a forçaria a mudar hábitos muito agradáveis aos quais ela já a muito se apegou e não se dispunha a largar. Em suma, em nome de um prazer passageiro, abre mão de boa saúde duradoura. É mais divertido cantar com Elza Soares - "Eu bebo sim, e estou vivendo..." (e enquanto isso a cultura do país está morrendo).


O medo de saber


Sem entrar nos detalhes da revolução, o que estenderia muito, o que ressalto é a necessidade de perder o medo do médico. Afinal, é responsabilidade individual cuidar da saúde, não só para preservar-se como também pelos outros que precisam de ajuda. Pensar também na saúde do país deveria ser natural, consequência. Porém o efeito da revolução, entre outros, é o de priorizar o prazer físico imediato. 

Nossa geração canta com Cláudia Leite, "Extravasa! Libera e joga tudo pro ar! Eu quero ser feliz antes de mais nada!". É a minha felicidade em primeiro lugar. Não importa se para eu ser feliz, pereça toda uma cultura, pereça toda uma nação; não importa se as gerações vindouras sofrerão uma ressaca de duração indeterminada, decorrente dos meus excessos. Outro livro, "Darwinismo moral - como nos tornamos hedonistas", de Bejamin Wiker, mostra como a sociedade ocidental chegou a este ponto. 


Pintura-Rubens Osório
Hedonismo por Rubens Osório
Como o próprio autor colocou neste livro "A Nova Era", seu objetivo é mostrar o problema, numa tentativa de remover o véu da ignorância do brasileiro e, assim, poder buscar um prognóstico. A esperança é perder o medo do médico, enfrentar a situação e correr atrás da cura, por mais custosa e demorada esta seja.


Comente! 

Escreva sobre alguma situação que este texto faz lembrar em sua vida. marque sua reação abaixo e compartilhe com seus amigos nas redes sociais. 
Até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário